quarta-feira, 27 de maio de 2015

A bipolaridade - Casa vs. Escola

Em conversa com a tua educadora descobrimos que afinal a menina traquinas, rebelde, que está sempre pronta a dizer "Não", afinal é uma doçura na escola. Obedece sempre aquilo que lhe pedem, está sempre bem disposta, nunca (sim é verdade...) faz birras!!! Como é possível?!?!?! Será que o problema é nosso? Será que necessita apenas de explodir todos aqueles sentimentos que vai reunindo ao longo do dia na escola? Será que é só uma questão de libertar energias acumuladas no final do dia?
Sei que a partir do momento que a vamos buscar à escola começamos a ouvir a palavra "não" à exaustão. Não queres sair da escola, não queres sentar-te no carro, não queres que eu vá à frente no carro ao lado do pai, não queres ir para casa, (se vamos para casa) não queres ir para a rua. E quando és contrariada, és menina para te deitares no chão - da casa e também já aconteceu na rua - e berrares como se fosse o fim do mundo. E no fim... como dizia a tua educadora és a mais bem comportada da sala. Expliquem-me....

Passados uns dias voltámos a falar com a educadora, que reforçou a ideia que tinhas um comportamento exemplar, que nos contou como eras obediente, que não ias para o castigo (ou "pensar no disparate" como dizem lá pela escola) e que não haviam birras contigo.

Não entendo.

terça-feira, 5 de maio de 2015

The terrible 23 months

E sobre o que é que vamos falar hoje Francisquinha? Sobre as tuas BIRRAS!

Tenho receio de clicar na tag "Birras" e ler coisas de meses anteriores do tipo «ah e tal isto é só uma fase que está quase a passar» e concluir que já escrevi isso dezenas de vezes e elas (as birras) tendem a piorar.
«Onde é que eu errei?» Esta é a questão que mais se coloca. Seguindo a teoria do avô que os problemas estão sempre nos pais e não nos filhos eu pergunto: «Onde é que eu errei?». 

Ontem foi mais um daqueles famosos dias em que houve birra à saída da escola. Começou, é claro, com a saída da sala do infantário «Pa caja não!!!» Repetias tu vezes e vezes sem conta assim que entrei na sala. Esperei. Deixei que corresses, brincasse, chamasses a atenção e depois forcei a coisa. Agarrei-te e disse de uma forma calma: «Anda lá, vamos aos baloiços e ao escorrega»
- Não!! - disseste logo tu - PA CAJA NÃO!

Respira fundo....1...2...3... « Filha não sejas assim para a mamã, vamos brincar as duas»
(Neste momento já te tinhas apercebido que quem dominava eras tu)

Resolveste deitar-te no chão da entrada do infantário aos berros, ao ponto da Cláudia te pegar ao colo (como é óbvio foste para o colo dela sem reclamar, quando eu nem sequer te podia pegar). Mas as lágrimas não paravam «Pa caja não!!!»

A Cláudia lá te disse para ires comigo que estavam muitos meninos a brincar na rua e que podíamos ir à procura deles e lá cedeste, foste comigo até ao carro e quando o avistaste: «Carro NÃO!». Tentei esperar que te acalmasses enquanto o teu corpo mais rijo que uma prancha não me deixava colocar-te na cadeira. Passaram 10m... os teus berros ouviam-se no bairro inteiro. Mães e pais saiam felizes do infantário com os seus filhos ao colo e assistiam ao teu show com um sorriso "isso tá difícil hoje" e eu sorria também e depois olhava para ti tão zangada  que me apetecia berrar. Houve até alturas que cometi a loucura de ceder aos meus nervos e dizer-te que já me estava a passar contigo! (Amanhã tenho a Segurança Social à porta de casa) Depois contava novamente até 10.
O tempo passava.
Já estávamos quase há 20m tu aos berros eu num processo estranho entre a loucura e o querer controlar os nervos e ser a mãe perfeita. Cedi e tentei todo o tipo de negociações. «A mãe dá-te um bocadinho de queijo quando chegarmos a casa»; «Vamos aos baloiços»; «Vamos ver o cão», «Vamos ao parque», «A mamã leva-te aos Legos». Nada! Os berros continuavam.
O tempo passava.
Foi precisa alguma força e muita paciência para te conseguir finalmente prender no carro 30m depois de termos saído do infantário. 
Dou à chave e começas:
- Colha Mãe! (colo da mãe)
- Lado Mãe! (vem para o meu lado mãe)
- Carro Não!

E assim foi durante 37km.

Dizem os entendidos que estas são algumas técnicas para superar as birras:
1) Ignorar a birra, desvalorizá-la, não ligar "puto" ao que se está a passar.
Isto é muito bonito em casa... e na rua junto a uma estrada? Deixo-te sozinha a chorar no chão? Ignoro a birra e vou cumprimentar os outros pais que saem alegremente do infantário com os seus filhos bem comportados? 

2) Não ceder, não negociar, ser firme
Tento ser firme, quando digo que não vais ver o Ruca, não vês e ponto final. Mas não negociar? Ui... se não negociar, não consigo nada de ti. 
(estás a ver... esse é que foi o erro... negociaste uma vez e agora ela faz de ti o que quer, é o que estão a pensar não é). Ao fim de 30m de gritaria acreditem já estamos dispostos a oferecer uma tarde num baloiço em frente a uma tv que está a passar o Ruca com um iogurte numa mão e um pedaço de queijo na outra.

3) Distrair a criança com outra coisa
Quando nos ouvem, esta deve resultar. Mas quando a única coisa na qual estão concentrados é na sua própria voz, como conseguimos que nos oiçam? Por muito que tente falar contigo, se estiveres a gritar a ultima coisa que queres fazer é escutar-me. 
Quando estás numa valente birra, nada te distrai.

4) Voltar a dar atenção e falar calmamente quando tudo terminar
Este é talvez o único ponto que eu consigo cumprir com algum sucesso. Quando a birra termina, apesar de me arriscar a que a mesma regresse gosto sempre de falar contigo sobre o assunto e de te explicar como me sinto triste com a tua atitude. Trocamos muitos mimos depois de ires para o castigo (atenção o castigo nesta fase é apenas dizer "vai para o quarto de castigo", encaras isto como se fosse a pior coisa do mundo). Dizes-me muitas vezes «Excupa mãe»; «Gota da mãe» e eu tento não me derreter muito.

Estou longe de ser a mãe perfeita (irrita-me aquela mãe do Ruca!!!), mas quero ser melhor para ti todos os dias. E isso passa por educar-te.

Vou tentar descobrir a causa destas birras, prometo. Mas e se for apenas feitio.... isso existe?