segunda-feira, 30 de setembro de 2019

1.º Ciclo - os primeiros 15 dias

A 16 de setembro de 2019 saímos de casa com a mochila nova, a lancheira nova e toda uma rotina nova e muita vontade de aprender. Até a mana Carlota estava ansiosa e olha de forma vaidosa para a tua mochila. Para ela também estávamos a entrar num novo ciclo, no jardim de infância com uma nova sala - Chapim Real - uma nova auxiliar e uma nova educadora.
Nos primeiros dias não trouxeste grandes novidades para os pais, comentaste um ou outro aspeto do 1.º ano, mas sem grande detalhe e sem que conseguíssemos perceber o que era isso do Movimento Escola Moderna e que rutura era essa com o ensino tradicional. Até à reunião que decorreu no teu 5.º dia de escola a única certeza que tínhamos era que apenas tinhas um manual escolar (o de Matemática) e que não irias aprender a ler e escrever como nós tínhamos aprendido. Até à reunião ficávamos confusos a pensar na dimensão da sala, no número de alunos (34) e nas duas professoras. Como é que duas turmas e duas professoras podiam resultar num só espaço comum?!
Conhecemos a Prof. Vanessa e a Prof. Dora e criámos uma empatia imediata com ambas. Uma era experiente, dinâmica e com sentido de humor, a outra, mais nova, muito simples, calma, assertiva e com um aparente domínio da "matéria". Não podia pedir mais nesta fase. A questão das turmas em conjunto com duas professoras? Vamos confiar.
Com a chegada da segunda semana, chegou também o primeiro texto do livro de leitura. O livro de leitura é o "livro de Português" que é criado com textos provenientes das experiências dos alunos. No 1.º texto existia apenas uma frase, com algumas palavras que serão inevitavelmente as primeiras palavras que saberás ler e escrever, ainda que seja de forma decorada. Apenas por associação do desenho das letras às palavras que representam. Olhámos para ti com orgulho a "ler" o texto em casa e demos pela Carlota também a "ler" o mesmo texto.
Os primeiros trabalhos de casa surgiram apenas no final da segunda semana de escola e foram fáceis para ti, no que respeita à Matemática e uma seca no que respeita ao praticar a caligrafia do teu nome. Na minha opinião escreves de forma bonita o nome em letra de imprensa e manuscrita, mas para os teus padrões de exigência ainda não está muito bonito e por isso não te apetece "praticar".
Ainda estou a aprender a lidar contigo como aluna e com as tuas primeiras frustrações. Nada que eu não soubesse que iria ocorrer. Não sejas tão exigente contigo Francisquinha, tu és fantástica filha!


sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Casa Vazia

Desde sempre que ouvimos falar que ser mãe também é sentir um aperto no peito quando os nossos filhos estão longe de nós. Quando essa situação não passa de uma hipóteses ou de um momento que está para acontecer, chegamos mesmo a pensar que não vai custar nada, que vai ser tão bom estar umas horas "livre" e que "já estão mais velha, já custa menos". Mas chegando o momento de vos deixar, custa sempre.
Ontem enquanto choravas por te deixar na casa da avó eu respondia que entendia porque te estavas a sentir assim, eu também não te queria largar, mas não o demonstrava. Sabia que era o melhor para ti e para a mana Carlota porque assim não teria que vos acordar cedo para vos entregar aos avós para irem os 4 para ao Algarve. Não queria largar-te Carlota, porque queria que me acordasses a meio da noite para ires para a minha cama e sentir os teus pés gordinhos a tocarem-me. Todas as vezes que dormiram sem nós, e foram muito poucas as vezes, me deixaram sempre com a sensação de casa vazia.
Quando passaram aquela semana de junho com os avós, consegui recuperar muita energia e aproveitei para não fazer "nada", mas a primeira e a segunda noite são sempre duras porque parece que continuam ali em casa nas vossas camas, mas falta o barulho... Não me interpretem mal! Também gosto de estar sozinha!
Durante o dia, quando estão na escola, raramente dou por mim a preocupar-me convosco. Mas quando estão no parque, no Algarve, no Alentejo ou em qualquer outra parte sem nós estou sempre preocupada. Sempre. Não tem a ver com a confiança que tenho nas pessoas que estão convosco, neste caso os avós. Não consigo mesmo estar descansada e tudo me preocupa, os parques infantis, o mar, as viagens de carro, as passadeiras nas estradas, tudo.
Aproveitem bem estes três dias e criem memórias com os vossos avós. Se eu pudesse agora também estaria a criar memórias com os meus!

Beijos minha Francisca especial e meu potinho de mel


quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O último desmame

Já passaram duas semanas e por isso já posso afirmar com alguma certeza. Deixei de amamentar a Carlota.

É uma alteração na minha rotina mais que necessária, mas nem por isso deixa de ser difícil de aceitar. Já não queria, já não me sentia confortável e não fazia sentido estar mais de 30 minutos na tua cama Carlota a adormecer-te na maminha. A maminha não era só mimo e conforto, era também a "bengala" para adormeceres e isso não fazia sentido. Já há mais de uma semana que me queixava com dores e tu não querias saber. Um dia, uma segunda-feira à mesa, a mana Francisca perguntou se eu ainda tinha dores nas maminhas e eu disse que sim. Dei por ti a estares atenta àquela pergunta e resposta. Nessa noite, para meu espanto disseste que não querias maminha e que podíamos ler um livro as duas, passaram duas semanas e não voltaste a pedir. Há três dias perguntaste-me antes de te ler a história: "ainda tens dói-dói nas maminhas, mamã?" E eu não sabia qual era a tua intenção e menti. Disse que ainda me doiam.
Depois de quase 3 anos a amamentar-te todos os dias, senti que já não tinha um bébé, senti que nunca mais iria saber o que é ter um bebé em casa. Podia sentir-me livre, mas senti-me apenas nostálgica.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Minha querida Carlota

Minha querida filha Carlota,
Que em momento algum ouses pensar que a falta de textos depois do teu nascimento é equivalente à falta de histórias dos últimos anos. Se existem dias, meses, anos com histórias para vos contar estes são os dias! Estes são os momentos! 

E é talvez por isso que eu os relate menos! Tenho vivido de uma forma tão intensa este nosso amor. Tenho vivido de forma tão saudosista estes "últimos" tempos enquanto ainda és bebé. Não me consigo abstrair do facto de seres a minha última bebé e destes tempos passarem tão depressa.
Tu és uma fonte de boa energia! Tu és gargalhadas, carinho, humor num corpo gorducho que dá vontade de apertar! Tu és caracóis perfeitos e olhar doce. Tu aparentas ser séria, tímida, discreta e és um palhacinho, uma brincalhona, uma chinesinha a rir... Uma menina crescida que sabe o que quer e se desenrasca destemida frente a qualquer obstáculo e uma bebé que não quer largar a maminha da mãe. Tu negas abracinhos e carinhos à Francisca quando acordas, mas não perdes uma oportunidade para me dar beijos repenicados e de me abraçar com toda a força do mundo. Tu não pronuncias bem as palavras e é difícil às vezes entender o que dizes e todos nós nos apaixonamos pela tua língua e jeito de falar.

Obrigada por existires e me fazeres tão feliz! A mim, ao pai André e à tua querida mana Francisca.