I love you

- Sabes mãe eu sei dizer "I love you".

- E o que significa isso Francisca?

- É uma música.

Rotinas

Quarto dia consecutivo a fazer noites 21h/22h-6h/7h, com direito a sesta matinal até às 10h

Não posso pedir mais nada!

Todos os pais gostam de comparar os filhos, não há nada a fazer. É mais forte que nós. E mesmo quando apenas temos um filho em conversa com os amigos e família é comum comparar.

Eu e o pai, talvez numa tentativa de (des)valorizar o choro da Carlota, estamos sempre a comparar-te com os mesmos dias de vida. A conclusão que eu chego (e acho que estou sozinha neste barco) é que tu Francisca também devias chorar bastante antes dos 3 meses, ainda que, como usavas chucha, era mais fácil, ou mais rápido acalmar-te. Senão porque me queixava eu que não tinha tempo para fazer nada durante os teus primeiros meses? Se não estivesses a chorar, eu podia perfeitamente deitar-te no sofá ou na espreguiçadeira e tratar da casa e de mim. Quero acreditar que a Carlota vai deixar de chorar tanto nos próximos dias, com o aproximar dos três meses. Às vezes acho que chora de tédio, porque na rua praticamente já nem chora. 

Vejamos: come, tem a fralda limpa, arrotou, brincou na espreguiçadeira e palrou para mim e depois…. O que pode fazer de interessante se tiver dormido uma bela sesta antes disto? Não vou forçá-la a dormir só porque acho que ainda não é choro de fome. O choro da luta contra o sono é semelhante aos das cólicas, mas soa ininterruptamente nos nossos ouvidos. E a Carlota gosta de lutar contra o sono todos os dias.

Continuam as apostas para os olhos azuis e ainda há pouco confirmei que tu tinhas os olhos exatamente da cor dos olhos da Carlota com 2 meses e 12 dias. Ou seja, a Carlota pode vir a ter os olhos tão castanhos como os teus, mas nunca tão grandes como os teus.

As tuas birras continuam, ainda que me tenhas dado tréguas por um par de dias. Já estou à espera que venha a próxima birra...

A Carlota gosta cada vez mais de ti, é fácil de ver os olhos sorridentes sempre que tu te aproximas dela. Quando não lhe ligas até dá gritinhos para chamar a tua atenção.

Esta noite tivemos as três sozinhas pela primeira vez, enquanto o pai foi para o Porto e nem te tirei da nossa cama. Estiveste sempre ali ao meu lado e cada vez que acordava durante a noite endireitava-te e abraçava-te. Vou-te contar um segredo Francisca: gosto tanto das tuas festinhas como tu gostas de as fazer! (Mesmo quando pareço aborrecida porque não me largas).

The story of my life

Estou a matar o vício do computador enquanto tu, Carlota, estás a falar comigo e a enviar-me os sorrisos mais ternurentos. 

(acabei de tirar uma foto para me recordar deste momento mais tarde). 

Estás despenteada, com o cabelo todo espetado e mesmo assim estás tão fofa que só apetece dar-te colinho! Porque não o faço? Porque são raros os momentos em que consegues estar na espreguiçadeira ou deitada sem reclamar e também tenho que te ensinar a estar sem mim. Apesar de estar sempre a falar contigo enquanto estou a escrever. Levas constantemente as mãos à boca, mas continuas a detestar a chucha. E penso que é por isso que choras mais, porque por vezes ao mínimo desconforto berras (mesmo que estejas ao meu colo), gritas e aparentemente não há nada que eu possa fazer para te confortar (vá… tirando a maminha… não podes estar 24h com a mama na boca). A chucha podia ajudar-me tanto.

Fomos agora comer um peixinho grelhado com as avós e enquanto almocei estiveste sempre fixada em mim, no colo da avó Lalinha, virada para mim. Era a única forma de não chorares. Continuo com esperança que esta história de seres uma choramingona acabe com os 3 meses. Mas também continuo com esperança que as birras da Francisca terminem com o aproximar dos 4 anos e já tive a mesma esperança aos 2 e 3 anos…

Interrompi este texto durante 21 minutos, durante 9m estiveste a chorar inconsolavelmente (pareceu meia-hora) enquanto eu cantarolava e tentaste lutar contra o sono, mas já dormes. Pensei em deitar-te no sofá para descansar os braços.

Entretanto acordaste, o sono não durou mais de 15m.

A auto-pressão de ser mãe/mulher/dona-de-casa

Carlota, estás a ficar tão…. bonita, gordinha, grande, simpática.

Ontem choraste muito pouco (para aquilo que costumas chorar, especialmente ao final do dia).  Além disso quando saímos de manhã quiseste ir com ovo destapado a olhar para a rua. Felizmente estava menos frio. Não estranhaste nenhum ambiente, nem choraste quando pessoas estranhas se meteram contigo.

Já em casa, consegui colocar-te na espreguiçadeira por mais tempo. Ainda que não aguentes mais de 30m a olhar para os mesmos bonequinhos, já me parece fantástico até porque ainda és muito pequenina e sou eu que tenho que interagir contigo.

A frustração de não conseguir fazer nada em casa ainda não passou. Sinceramente achei que num segundo filho já não me auto-pressionasse tanto para trabalhar em casa e não deixar as coisas fora do sítio. Tenho que trabalhar nestas minhas expetativas. Não posso de repente desejar ser a pessoa mais arrumada do mundo e a melhor cozinheira. Vou trabalhar nisso. É assim que tenho que pensar. Sem pressões. Vou apenas trabalhar para ser cada vez mais organizada. Sem pressões. Vou apenas entusiasmar-me cada vez mais com a culinária e as receitas saudáveis que “andam tão na berra”. 

Quero viver o resto da licença de maternidade sem pressões, com mais descanso e menos sentimento de culpa.

Estou a ver-te dormir e estou cada vez mais apaixonada por ti.