terça-feira, 30 de junho de 2015

Medos

Não te acho particularmente medricas, mas és uma verdadeira menina no que toca a medos. Referes os teus medos com muito mimo na fala e com um beicinho misturado com um sorriso de gozo. Achas piada a dizer que tens medo das coisas, só para veres a nossa reação.

O primeiro medo que me recordo foi em dezembro, quando a Câmara Municipal da nossa terrinha lembrou-se de assinalar o Natal com um coelho da Páscoa... (a sério, em vez do pai Natal estava um homem mascarado de coelho cor-de-rosa a interagir com as crianças). Quando o viste começaste logo a dizer «Tem medo», com um sotaque francês. 

Máscara igual à do "Coelho de Natal"

Depois foi em Nova Iorque em plena excitação da Times Square, a mamã meio eufórica a tirar selfies do tipo "I did it! Estou em Times Square minha gente!! Yupi!" e ao meu colo berravas e dizias ao mesmo tempo «Tim medo do Micki» (tenho medo do Mickey). Ainda hoje dizes que tens medo do Mickey sempre que te lembras dos mascarados de Times Square.

Mascarados de Times Square - o famoso "Micki"

Na Feira de Maio, o mesmo coelho cor de rosa (do Natal) apareceu-nos à frente e correste para os meus braços e disseste-me que tinhas muito medo do coelho (note-se que agora já é "muito" medo). A rua onde esse coelho estava, ainda hoje, te faz lembrar o coelho e ainda a semana passada nos lembraste desta história do coelho.

Entretanto já nos apercebemos que o que te dá medo não é a personagem em si, seja o Mickey, um coelho, ou até o Ruca, o que te dá medo são pessoas mascaradas.


Nas últimas semanas o medo é sinónimo de um macaco, que é um brinde antigo de um Happy Meal. Tens medo dele e nós temos aproveitado esse medo para tudo. Shame on us!! 
Tanto o pai ou a mãe usam o macaco como chantagem sempre que te portas mal, contrariando todos as leis da educação e da pediatria. Que pais terríveis! Que pais macacos! Sempre a ameaçarem a pobre menina com o macaco que lhe dá medo. "Oh Francisca se não te vestes para ir para a escola, vem o macaco e come o teu iogurte" (são coisas deste género... que vergonha)
Sei que o fazemos porque no fundo não acreditamos bem neste teu medo, achamos que é uma espécie de brincadeira que tens connosco.

domingo, 28 de junho de 2015

Desfralde #2

Afinal o desfralde está-se a revelar muito mais fácil do que eu pensava.
Durante a semana passada não houve um único descuido na escola e não fizeste nada durante a sesta.
Para além disso, em duas viagens do trabalho para casa (40Km) disseste que tinhas xixi, pedi para aguentares e quando cheguei a casa a fralda estava seca e trataste do assunto na sanita.
Nas viagens de carro, como são longas, adotámos a técnica da fralda tipo-cueca porque ainda não queremos arriscar.
Para melhorar, na noite de sexta para sábado chamaste-me às 3h porque querias ir à sanita e acordaste com a fralda enxuta, temos mulherzinha! Boa Kiki!

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Amamentação #754

Só para que fique registado.... por aqui ainda se amamenta!

Já há 754 dias!

Desfralde #1

O desfralde começou no infantário na semana de 8 de junho. Tu e as tuas amigas Clara e Mafalda iriam começar a usar cuequinhas em vez de fralda durante o dia, com excepção da hora de almoço e sesta.
Nestes quinze dias apenas houve relato de  dois dias em que a coisa não correu tão bem, numa delas porque era o 2.º dia de desfralde na outra, segundo nos contou a auxiliar Diana, querias pedir xixi mas em vez de falares estavas com vergonha e apenas chamaste a educadora sem dizer porquê e logo a seguir deu-se o "azar".

Confesso que em casa só começámos a cooperar com este plano no último fim-de-semana, já depois de termos tirado o tapete de inverno do teu quarto e de termos comprado um extra-pack de cuecas. Não tem corrido tão bem como na escola, mas em grande parte a culpa é nossa. Tu (que és tal e qual a tua mãe) és um bocadinho chatinha e enquanto brincas sozinha no quarto estás sempre a falar e vais chamando por nós, ou para abrir o pote de plasticina, ou para tirar um livro que não consegues, ou para mostrar o que estás a fazer. Como já sabemos o que a casa gasta, não vamos sempre a correr para ti e isso, numa altura de desfralde, traz consequências. 

Desde sábado que te ouço pedir com frequência para ires até à sanita e por isso tenho esperança que esta fase não dure muito tempo. Afinal desde os 8 meses que vais ao bacio e desde que fizeste um ano que não existe cócó na fralda (à excepção do episódio de Nova Iorque no Top of the Rock).

terça-feira, 23 de junho de 2015

"A mãe vai ao laaadooo"

Sempre que o pai não regressa connosco do trabalho existe logo um bom motivo para te entusiasmares a preparar a tua melhor birra. 
Ontem temi que demorássemos duas horas a sair do infantário mas resolvemos a questão em 20 minutos. Não foi fácil. Como todos os dias, não querias sair da escola e depois não querias entrar no carro. 
Agora nunca queres andar de carro. 
Quando finalmente te convenci a entrar no carro e te consegui prender, começou outra vez aquela birra do que "Não quero carrooooooo! Nãããaaooooo!", depois entrei no lugar do condutor e começou a famosa birra que dura já há 4 meses (na viagem aos EUA já tínhamos este problema):
-"Mãe ao laaadoo", "A mãe vai ao laaadoooo", "A mãe à fenti nãããoooo" 
A meio da viagem, ou seja passados 15 minutos de gritaria e lágrimas eis que conseguimos conversar e te aviso que se aquela birra continuar não vais ao baloiço com o avô e pior que vou contar ao avô que te andas a portar muito mal. 
Depois disto conseguiste aguentar o resto da viagem, ainda que de vez em quando soltasses um "A mãe vai ao lado".
Decidi até arriscar ir ao supermercado contigo, disse-te o que queria comprar no supermercado e enquanto lá andávamos ajudaste-me a relembrar de tudo (mesmo!)
- Faltam tomatis mamã.


Esta manhã tal como eu temia regressou a história da "mãe ao lado". 40 Km de berros, choro, algumas patadas na porta, quando senti por breves instantes um silêncio no carro disse-te:
- Oh filhota mas se a mamã for ao teu lado, quem é que conduz o carro?
Ao que tu respondeste:
- A mãe não!

...

domingo, 21 de junho de 2015

As duas!

"- Mãe vamos brincar com a patitina, as duas!"

Às vezes (nem eu sei porquê) tento escapar-me a uma bela brincadeira contigo, mas dizes coisas deste género e não tenho hipóteses.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Adeus avó Miquinha

Não sei que ideia irás ter um dia que te perguntarem se te lembras da avó Miquinha.
Não sei que recordações tenho dos meus dois anos.
Talvez te lembres que a vias sempre deitada numa cama e pouco mais que isso.

A avó Miquinha era a melhor pessoa que possa imaginar. Não havia ninguem como ela e duvido mesmo que exista alguém tão altruísta. Tão altruísta e preocupada com os outros que às vezes parece que o avô Eduardo era verdadeiramente seu filho. A avó Miquinha dizia que gostava muito de ti a toda a gente e a nós, cada vez que a visitámos. Dizia que eras linda, que eu era linda, que o pai era lindo. Que toda a gente que a rodeia era muito bonita.

A avó Miquinha estava deitada numa cama desde outubro do ano passado, mas já há muito tempo que sofre. Que estava farta de ter dores. 

A avó Miquinha cheirava a vinagre, porque apesar de dizer que não tinhas forças para viver, preocupava-se sempre com o seu aspeto e com a sua falta de cabelo. E penso que acreditou até ao seu último dia que o vinagre fortalecia o cabelo.

A avó Miquinha dizia "Tadinha dela" quando olhava para ti cheia de amor, da mesma forma que o fazia há mais de 20 anos atrás comigo.

A avó Miquinha tinha 91 anos de muita preocupação pelos outros, de sorriso meigo e lengas-lengas  acerca da vida e da morte. 

Já não podemos visitar a avó Miquinha aos fins de semana, mas podemos recordar o seu sorriso, o seu cheiro  e podemos ser melhor para os outros da mesma forma como ela era. Essa é a nossa maior homenagem.

Adeus avó Miquinha.


(a tua avó deixou-nos no dia 3 de junho a meio da tarde, no Hospital do Barreiro, onde estava internada já há uns dias. Momento antes o avô Costa tinha ido visitá-la e pensamos que depois desse momento ela descansou. O avô Eduardo não acreditava que avó sobrevivesse àquele dia, mas eu achei que sim e disse-lhe para levar uma foto dos teus anos. A avó não a chegou a ver.)

segunda-feira, 1 de junho de 2015

2 anos!

Comentava há pouco com o pai que não me lembro de termos estado naquela casa três anos sem ti, não me lembro da minha vida de "solteira", só com o papá em casa. Ele diz que tem a mesma sensação. Já foi tanto, tanto aquilo que nos deste nestes dois anos que parece que antes nada tinha tanto sentido. 

Há quase um ano que comes de forma autónoma e são raros os momentos que nos deixas ajudar-te com a comida, gostas mesmo da tua independência. 
Há mais de um ano que o bacio é um aliado todas as manhãs, para ires mais bem disposta para a escola.
Há cerca de meio ano que falas quase corretamente com um enorme vocabulário.
Há cerca de 2 meses que ampliaste o teu vocabulário de tal forma, que sabes conjugar alguns verbos, usar expressões na altura exata, pedir desculpas no momento certo e até cantar canções tipo lenga-lenga sem te enganares.
Há quinze dias conheceste a plasticina e descobriste todo um mundo novo de brincadeira, gostas de bonecas e de simular a vida adulta como nunca, continuas a adorar legos e nem queres ver televisão quando chegas a casa, tal é a excitação de brincar no teu quarto.
Há uma semana que só falas na TUA festa e dizes que fazes dois anos e que temos que cantar os "parabéns à menina Kika" (palavras tuas).


E há dois anos que te comecei a amar tanto, de uma forma que não sabia que era possível. És muito mais do que aquilo que eu imaginei. Muito mais "tudo". E tens um sentido de humor que me faz querer rir contigo todos os dias. 
Quero muito que sejas feliz, meu doce. E sei que o és. Quero muito que tenhas saúde. E tens. Não quero mais nada.

Parabéns minha Kikanicas (expressão que significa "pequena Francisca")