quinta-feira, 30 de maio de 2013

A véspera

Estou a escrever hoje, dia 30, mas só conto publicar depois de ser "efetivamente" mãe. Hoje é a tão temida véspera... temida porque nos últimos tempos me habituei a pensar que o dia de hoje iria ser mais complicado que amanhã. É tempo de descansar e relaxar, tentar dormir uma boa sesta, ver tv, chorar se apetecer, pensar (o mínimo possível) e sonhar muito com coisas boas. Por um lado apetece-me ir para o teu quarto dobrar a roupa fazer novamente a mala e verificar se está tudo no sítio, por outro sinto que devia mesmo tentar dormir. Há cerca de 3 noites que não durmo praticamente nada. A alergia no corpo é tão grande que dou por mim durante a noite a pensar que é o fim do mundo, que vou fugir para as urgências de um qualquer hospital porque já não tenho capacidade de aguentar tanta comichão. Quando acordo e tomo um bom duche com sabão de aveia ganho uma outra noção da realidade e agradeço os meses de paz que tive nesta gravidez desvalorizando a noite de (pouco) sono que acabei de ter. Porém hoje preocupa-me que não esteja descansada o suficiente para aguentar as emoções de amanhã.

Ontem dei por mim a ter medo do parto. Pela primeira vez desde que estou grávida. Tentei ainda disfarçar e traduzir esse medo em algo como "tenho receio apenas no que toca à tua saúde", mas não, era mesmo medo. Decidi ler sobre o assunto, de facto é comum o ser humano ter medo do desconhecido. E este medo pode ser ultrapassado facilmente se pensar que:
a) medo do desconhecido - não há nada como ler pela trigésima vez como funciona um parto normal e uma cesariana para interiorizar os vários passos.
b) medo de ser pessimista em relação à tua saúde e bem-estar - se as ecografias e todos os outros testes revelaram que estavas bem, se és uma bebé que se mexe regularmente e se até agora não tive qualquer problema, há uma probabilidade muito reduzida que não nasças cheia de saúde.
c) medo da dor - é óbvio que quanto mais medo tiver, ou quanto mais pensar nisso menos resistência irei ter à dor. Logo, se estou sempre a defender que é inútil sofrer por antecipação, não tenho que ter medo de dor nenhuma. Quando mais otimista e bem disposta estiver, mais fácil será, menos dor provavelmente irei sentir.
d) medo da afamada epidural - o meu médico, no qual eu deposito 100% de confiança nem sequer pondera que não se utilize este tipo de anestesia, para ele o parto não tem que ter dor. Para mim também não. Mas a questão da paralisação das sensações de uma determinada parte do corpo faz-me muita "espécie". Incomoda-me tudo aquilo que poderá trazer sequelas na coluna... o que me leva à alínea anterior... e vale a pena pensar nisso hoje? Vale pelo menos a pena conhecer melhor esta anestesia para estar bem informada quando amanhã me falarem dela. Amanhã entrego-me aos médicos, façam de mim o que quiserem para que nós as duas estejamos bem.

Hoje estou/sinto-me calma. Carente. Nostálgica. Grata.

Que corra tudo bem connosco e que nasças quando tiveres que nascer, mas cheia de saúde, tu e eu! Obrigada pela força que já me consegues transmitir.


terça-feira, 28 de maio de 2013

Será o meu último domingo grávida?

No domingo quando me sentei no sofá ao fim da noite pensei... será este o meu último domingo sem ti nos meus braços? Tudo indica que sim. Não que tenha grande significado, o domingo, mas começo agora a pensar na proximidade do parto e na minha rotina semanal alterada pela tua chegada. Decidi deixar de trabalhar nesta última semana de gravidez e não me arrependo. Quinze dias ou três semanas se calhar teria sido demasiado e provavelmente iria fartar-me de estar em casa, mas estes 4 dias que antecedem a próxima sexta-feira, fazem-me falta. Quero arrumar o nosso "ninho", quero por as séries em dia, quero preparar-me para te receber sem aquela dose de ansiedade que tenho tido nas últimas semanas. Estou muito calma esta semana, talvez até calma demais. Mentalizei-me que será sexta e não antes, não me sinto cansada, não me sinto inchada e tenho menos contrações do que tinha quando estava a trabalhar. Hoje não estás particularmente agitada, mas quando estamos em casa costumas mexer-te muito especialmente quando estou sentada no sofá.
A alergia que tinha nos braços rapidamente se alastrou para as mãos, para os tornozelos e ontem para as pernas, nádegas (really?!) e até na barriga. Esteticamente não é nada bonito estas plaquetas vermelhas e um pouco inchadas, mas o pior é a insuportável comichão que tenho especialmente durante a noite e que não me deixa dormir. Penso que está relacionada com o final da gravidez e decidi aceitar esta alergias "encharcando-me" em doses industriais do famoso creme nívea da lata azul.
Tenho feito caminhadas todas as manhãs que rondam os 3km e ainda assim, sinto a barriga cá em cima. Concluo que devem existir muitos truques que ajudam a acelerar o trabalho de parto, mas para isso é preciso que a natureza assim o queira despoletar. 
O que me importa mesmo, é que estejas bem (ponto)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Último dia de trabalho


Passaram já 38 semanas e 5 dias de ansiedades, noites bem dormidas, algumas contracções de Braxton-Hicks (ultimamente muitas), alguma falta de paciência e neura, medos e muitos sonhos.
Hoje é um dia de muita ansiedade e algum mau feitio…
Estou a mentalizar-me que hoje é o meu último dia de trabalho dos próximos meses e talvez por isso estou aborrecida, talvez até triste. Parece que vou deixar o trabalho da forma como desejei, com os principais assuntos tratados, com outros bem encaminhados e acima de tudo com a "pasta" bem passada. Isso deixa-me relativamente descansada para os próximos meses. Mas há toda uma sensação estranha a invadir-me o corpo. Há a questão do deixar o meu trabalho para outra pessoa, que se assemelha a uma espécie de egoísmo. Há também a questão da aproximação da data do parto e tudo aquilo que está associado a essa data. Para ajudar tenho uma "simpática" alergia nos braços que me faz ter uma comichão insuportável ao longo de todo o dia, mas que ainda assim dada a santa gravidez que tenho tido, estando ou não ligado a isso, não é nada. Se há dias em que as dores que tenho (perfeitamente suportáveis) me fazem parecer que o dia está muito próximo, há dias como o de hoje em que me parece que o parto não irá ocorrer antes do final da próxima semana - poucas contrações, dores ausentes, etc. 
Se até hoje a ideia de ficar em casa o resto do tempo me fazia querer que iria entrar num processo de neura por estar apenas "à espera", agora parece que agradeço ter uns dias para mim, para o meu silêncio, para fazer as minhas caminhadas, para estar apenas contigo.

domingo, 19 de maio de 2013

39ª semana here we go...

Semanas completas? 38
Ansiedade? Muita, mas sob controlo...

Os meus pensamentos fluem desde que acordo a 200km/h e caminham todos na tua direção, ainda assim não me consigo exprimir como gostaria e talvez por essa razão não tenho estado tão presente como gostaria. Não imagino a tua cara, não penso no parto, mas ao mesmo tempo estou muito atenta a todo e qualquer sinal de início de trabalho de parto. Tal como eu desconfiava todo este processo ainda está muito verdinho, confirmou-me a Dra. P. na passada sexta-feira quando me observou. Sinto-me culpada e ingrata quando desejo tanto que te antecipes às 40 semanas, quando me queixo porque já não sei o que vestir ou porque já demonstro uma enorme falta de paciência para esperar, até porque tens sido uma bebé impecável, és saudável, mexes-te muito (o que me tranquiliza tanto!), deixas-me dormir e juntas criámos uma barriga proporcional ao meu tamanho, enfim, tudo o que uma pré-mamã pode desejar.
Desde sexta-feira passada (depois da consulta) que os sintomas são ligeiramente diferentes, provavelmente porque se aproxima o final da gestação. As contrações são mais, ainda que indolores.
Vontade de ir trabalhar amanhã? Nenhuma! Confesso que continuo a trabalhar porque preciso de ter o meu cérebro ocupado com outros assuntos que não sejam contrações, trabalho de parto, rolhão mucoso, cesariana, epidural e parto normal. Preciso de me concentrar noutros assuntos. Todavia, preferia ir trabalhar aqui em casa, isolada, sem ter que responder pela 100ª vez que estou de "n" semanas, sem ter que ouvir o "Está quase, hein?!" (que ouço desde o final de Dezembro), sem ter que ouvir palpites e melhor sem ter que escolher uma roupa que me faça sentir bem. 
21/04/2013 - 34 semanas

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Habemus data!

Na sexta-feira passada fiz a primeira consulta com o famoso CTG no Hospital de Vila Franca de Xira e conversei um pouco com a médica que à partida irá estar connosco no dia em que decidires nascer. Uma das coisas que falámos foi qual seria a data, sim essa mesmo, a data do teu nascimento caso decidas viver aqui no T0 por mais de 39/40 semanas, “para que dia combinamos Dra.??” -a pergunta parece estúpida, mas precisava de um deadline para me acalmar e hoje, passados 3 dias da consulta, sinto-me mesmo menos ansiosa relativamente ao parto porque sei que o mais tardar irás estar nos meus braços no dia 31 de Maio.
Durante o CTG ouvi o teu coração quase sempre entre as 125 e as 150bpm durante uns 30m J No Hospital assisti de perto ao dia “D” de um casal que ia ter uma Beatriz, vi todos os passos que deram ouvi as conversas e reparei em como estava calma a mãe horas antes de se deitar na marquesa para o início do trabalho de parto. Ao que parece foram à consulta das 39s + uns dias e a médica disse para irem dar uma caminhada de duas horas, que daquele dia não passava. Imaginei-me então na véspera do dia 31 a orientar tudo à minha volta e a tentar controlar a ansiedade do dia seguinte, como é que vou dormir de 30 para 31? Vale a pena ir trabalhar no dia 29 e 30 de Maio? Basicamente, querida Francisca, o que a mãe gostaria que acontecesse é que te antecipasses para que fosse tudo inesperado e sem grandes preparações… o que me dizes? Hein? 
36 semanas

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Instinto de nidificação / Nesting Instinct / Instinto del nido

(assim em espanhol que é muito mais giro e a mamã gosta)
«El instinto del nido es, ni más ni menos, la necesidad que aparece en la madre de preparar el nido en el que las crías vivirán antes de su nacimiento. En los humanos sucede algo parecido. Unos días antes del parto, la mujer empieza a sentir que sus fuerzas físicas se multiplican y aparece la necesidad imperiosa de tenerlo todo preparado. Dicho vulgarmente: a punto de parir y te da por hacerlo todo.
Algunas mujeres dedican esas energías a dejar la casa más o menos lista, los bártulos preparados y la ropa ordenada. Otras en cambio sienten la necesidad de ir un poco más allá y no es extraño ver a algunas madres haciendo el fondo de los armarios de la cocina, rascando entre las baldosas o sacando brillo a los cristales de todo el piso....»

Não sei se é disto que se trata, ou se estou a passar por uma fase de energia atípica mas o que é facto é que só me apetece arrumar a casa e fazer muitas, muitas coisas (talvez trabalhar, fechos do mês, resolução de berbicachos aqui nos escritório e esse tipo de coisas não me apeteçam tanto…)
Este sábado decidi (finalmente) retirar toda a roupa do armário do quarto, aspirar o roupeiro, lavá-lo e em seguida arrumar apenas a roupa que visto, colocando aquela que ainda deverá estar apertada nos próximos tempos nas prateleiras mais acima.  Assim, no nosso quarto apenas falta lavar as paredes nos locais que têm pequenas manchas de bolor com lixívia e está pronto para receber o teu berço.
(respiro fundo…. Barriga dura…. Contração….uff… já passou)
Hoje estou cheia de vontade de limpar os armários da cozinha e reorganizar os espaços da dispensa para colocar os esterilizadores, biberons e outras coisas tuas. Por outro lado, torna-se mesmo necessário fazer a mala, não quer dizer que ande já na bagagem do carro, mas pelo menos que não sobre trabalho para o pai, caso decidas entretanto nascer. Para dizer a verdade filha, não me preocupa que a mala não esteja feita, aborrece-me o facto de depois ter que ouvir o pai a repetir que sou sempre a mesma coisa, que deixo tudo para a última, que agora não sabe o que colocar na mala, bla bla bla.
Tendo em conta que não sou uma mocinha muito dada a tarefas de casa, nem gosto muito de as fazer, nem tenho um jeito inato para as mesmas, acho mesmo que algo mudou. Até poder que um dia quando leias isto não me reconheças nestas palavras, porque na altura já poderei ser uma exímia dona de casa, super organizada, toda fã da Bimby e de revistas de culinária e daquelas que revira os olhos ao mínimo detalhe fora do lugar... sinceramente não me acredito muito nisto, mas nunca se sabe. Gosto da minha desorganização, gosto de ser despassarada (apercebi-me agora que nunca tinha escrito esta palavra na vida) e repito muy a menudo que a casa é para se viver, não é um museu para receber visitas.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O domínio da ansiedade

Querida F.,
Começo agora a aprender a lidar com a ansiedade e a tentar dominar o cérebro (é difícil hein?!).
Não há razão para estar assim TÃO ansiosa nem vamos ganhar nada com isso, muito pelo contrário. Está na altura de pensar no seguinte:
  a) Agora está mesmo quase, por muito que pense que um mês são cerca de 30 dias. 30 dias o que é isso? Especialmente estando a trabalhar e a resolver assuntos diariamente que dão tanto que pensar, o que é isso?
  b) A mala para a maternidade não está feita e faltam ainda algumas coisas e por isso temos alguma margem para gerir esta reta final de forma a reunir o que está em falta.
  c) Há ainda muita coisa para arrumar e limpar em casa e um mês são apenas (prevê-se) 4 fins de semana e com o sol tão bom para “esplanadar” estamos a falar menos de meia dúzia de dias para deixar a casa impecável para te receber.
  d) A velha máxima do “já faltou mais”, é uma verdade de La Palice, é certo, mas quando penso nisso sorrio.
O único medo que tenho presente é a tua saúde e bem-estar durante e após o nascimento e nada mais me preocupa. Não tenho medo de sofrer, não tenho medo de ter uma equipa de profissionais que não sejam simpáticos comigo, apenas quero que nasças cheia de saúde e perfeitinha.
No início desta semana comparava esta ansiedade a uma espécie de ansiedade antes de ir de férias (para o estrangeiro, leia-se), com a diferença que antes de uma viagem sabemos qual o dia da viagem o que é bem mais reconfortante do que estar a pensar nisto de faltar um mês, 3 semanas, 1 semana ou 1 dia…  e pensar que a pessoa X teve o bebé às 36 semanas e a Y às 37 semanas e tentar encontrar esquemas para acelerar o dia do parto. Não vale a pena, é deixar andar… e estar mesmo descontraída pelos motivos que referi acima.
Em breve, muito breve filha, vamos mimar-nos dia e noite e só de pensar nisso sou mesmo a pessoa mais feliz do mundo!