Estou a escrever hoje, dia 30, mas só conto publicar depois de ser "efetivamente" mãe. Hoje é a tão temida véspera... temida porque nos últimos tempos me habituei a pensar que o dia de hoje iria ser mais complicado que amanhã. É tempo de descansar e relaxar, tentar dormir uma boa sesta, ver tv, chorar se apetecer, pensar (o mínimo possível) e sonhar muito com coisas boas. Por um lado apetece-me ir para o teu quarto dobrar a roupa fazer novamente a mala e verificar se está tudo no sítio, por outro sinto que devia mesmo tentar dormir. Há cerca de 3 noites que não durmo praticamente nada. A alergia no corpo é tão grande que dou por mim durante a noite a pensar que é o fim do mundo, que vou fugir para as urgências de um qualquer hospital porque já não tenho capacidade de aguentar tanta comichão. Quando acordo e tomo um bom duche com sabão de aveia ganho uma outra noção da realidade e agradeço os meses de paz que tive nesta gravidez desvalorizando a noite de (pouco) sono que acabei de ter. Porém hoje preocupa-me que não esteja descansada o suficiente para aguentar as emoções de amanhã.
Ontem dei por mim a ter medo do parto. Pela primeira vez desde que estou grávida. Tentei ainda disfarçar e traduzir esse medo em algo como "tenho receio apenas no que toca à tua saúde", mas não, era mesmo medo. Decidi ler sobre o assunto, de facto é comum o ser humano ter medo do desconhecido. E este medo pode ser ultrapassado facilmente se pensar que:
a) medo do desconhecido - não há nada como ler pela trigésima vez como funciona um parto normal e uma cesariana para interiorizar os vários passos.
b) medo de ser pessimista em relação à tua saúde e bem-estar - se as ecografias e todos os outros testes revelaram que estavas bem, se és uma bebé que se mexe regularmente e se até agora não tive qualquer problema, há uma probabilidade muito reduzida que não nasças cheia de saúde.
c) medo da dor - é óbvio que quanto mais medo tiver, ou quanto mais pensar nisso menos resistência irei ter à dor. Logo, se estou sempre a defender que é inútil sofrer por antecipação, não tenho que ter medo de dor nenhuma. Quando mais otimista e bem disposta estiver, mais fácil será, menos dor provavelmente irei sentir.
d) medo da afamada epidural - o meu médico, no qual eu deposito 100% de confiança nem sequer pondera que não se utilize este tipo de anestesia, para ele o parto não tem que ter dor. Para mim também não. Mas a questão da paralisação das sensações de uma determinada parte do corpo faz-me muita "espécie". Incomoda-me tudo aquilo que poderá trazer sequelas na coluna... o que me leva à alínea anterior... e vale a pena pensar nisso hoje? Vale pelo menos a pena conhecer melhor esta anestesia para estar bem informada quando amanhã me falarem dela. Amanhã entrego-me aos médicos, façam de mim o que quiserem para que nós as duas estejamos bem.
Hoje estou/sinto-me calma. Carente. Nostálgica. Grata.
Que corra tudo bem connosco e que nasças quando tiveres que nascer, mas cheia de saúde, tu e eu! Obrigada pela força que já me consegues transmitir.
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