O pai foi para Lima, capital do Peru, no voo das 7:45 da
Iberia. Ficaste esta noite com os avós para que não te incomodássemos ao
acordar antes das 5:00.
Os sintomas nestes casos são comuns a todos aqueles que
passam pelo mesmo. Há uma fase de negação que acontece nos dias que antecedem
as últimas 24 horas, onde achamos que não nos vamos emocionar, que não vai
custar nada, que “oh por amor de Deus, são só duas semanas”, uma fase que “não
mata mas mói” nas últimas 22 horas que estamos juntos. E uma fase que pode
durar mais que isso, mas que por norma ocorre 2 horas antes do voo e que tem um
pico quando se deixa alguém perto da entrada para as portas de embarque. Aí já
não se contêm as lágrimas Francisca. Aí já se tem saudades de quem se ama. As
saudades começaram ontem à noite… ainda o papá dormia ao meu lado. As saudades
começam sempre antes da partida.
Vai passar rápido meu amor, duas semanas a pintar com “águas
amarelas” e a moldar plasticina passam a voar. Mas custa. Custa-me não
partilhar as tuas histórias ao vivo com o pai. Custa-me não nos ouvir a rir aos
três ao mesmo tempo. Mas passa. E passa depressa. E vai passar depressa.
(Enquanto escrevia este post o Sporting marcou o 3.º golo no
Estádio da Luz, quero berrar “Golo” mas não te quero acordar… vou aguentar-me)