Quando parece que já sabemos “tutear” as birras, aparece sempre uma que nos leva as forças todas. Foi assim num dia da semana passada, repetiu-se hoje.
Elas surgem quando menos esperamos e por vezes não conseguimos detetar qual foi o reagente que deu origem a tamanha explosão. Se há alturas que um abrir de olhos e fazer cara de má é suficiente, há outras em que nem uma palmada consegue controlar. Se há momentos em que um miminho grande e um “Vamos respirar fundo e contar até dez” resultam na perfeição, há outros em que o resultado dessa estratégia se traduz num processo de raiva ainda maior. No fundo a solução passa sempre por desdramatizar e pensar que existem coisas piores e que as birras (felizmente) são passageiras, ainda que existam horas que parecem dias.
O motivo hoje não duvido que fosse o sono que tinhas, mas traduziu-se em:
- Mãe quero levar aquela camisola rosa de capuz!! Quero!! – enquanto as lágrimas escorriam pela cara.
Importa referir que querias uma camisola de pelo polar e além de ser verão estão cerca de 40 graus durante o dia.
Traduziu-se na birra matinal mais famosa:
- Mãaaeeeee não tiras o pijamaaaaa! Vai-te vestir!! Vai-te vestir! Para brincar comigo! – e toca de aparecer com as mãozinhas no ar pronta a bater na mãe.
Traduziu-se no já célebre:
- Não quero o pai!
E traduziu-se ainda no facto de não quereres calçar nada a não ser os sapatos novos que comprámos ontem para levares ao batizado do Francisco.
E é difícil de negociar, é difícil de te mostrar que o castigo que te vou dar esta noite pode ser alargado para uma semana… afinal que noção tens tu, do que significa uma semana? Ou melhor que noção tens tu das consequências da tua birra esta noite. O que te interessa sempre é o momento a curto prazo. O que tu queres agora. OS castigos não tem efeitos antes de os darmos, mas sim nos momentos ou dias que se seguem.
Quando te acalmas, entendes quase sempre que passaste dos limites, “cresces uns anos” e falas connosco de outra forma, muitas vezes a tentar explicar o que aconteceu. Hoje pediste que o pai te desse colo até à escola e disseste sem falar à bebé: “Sabes pai, eu só queria levar estes sapatos porque são brilhantes e eu tenho mesmo que mostrar à Margarida”.