sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Desmame

Miúdas, não posso dizer que tem sido fácil ou pouco cansativo, mas tem sido muito gratificante acompanhar cada um dos vossos passos dia-a-dia durante os últimos meses.
Lamento não ter dado notícias em tantas semanas, logo agora que a evolução da Carlota tem sido significativa diariamente.
Francisca, tens estado a testar todos os limites que te são possíveis e houve alturas desta semana que até me levaste às lágrimas questionando-me aonde tinha eu falhado, para que fosses tão cruel nas palavras, tão rebelde nos atos, tão revoltada. Não sei se tem a ver com a idade em si, se tem a ver com os tempos passados nas Férias da escola junto de colegas mais velhos, mas tens desrespeitado a mãe e o pai numa base diária e isso não tem sido fácil.
Por outro lado, assistimos a uma Carlota cada vez mais dependente da mãe. Tem de ser a mãe a adormecer, tem de ser a mãe a dar colo, tem de ser a mãe a trazer o copo com água, tem de ser a mãe a vestir/despir, tem de ser a mãe. Dás também os beijos mais doces do mundo. Agarras na minha cara e dás beijinhos muito sentidos, desculpa se sentes a minha falta durante o dia, não tenho outra hipótese, não posso estar sempre junto a ti. Desculpa-me se todos os dias penso que "Hoje é o último dia em que te dou maminha", mas há dias que não aguento. Não aguento. O teu vício é muito maior do que o que a mana alguma vez teve e tantas vezes dou por ti em casa ao final do dia a tentar despir-me para teres direito aos teus minutos de miminhos-maminhas. Quando fizeste um ano decidi que ia deixar de te dar mama durante a noite, porque andavas a acordar muitas vezes só pelo vício da maminha. Foram apenas duas noites com períodos de choro, muito colo e mimo depois passou. Passaste a pedir apenas ao acordar e ao adormecer. Agora tão próxima dos dois anos e numa altura em que já confirmei que pouco há no meu peito que te alimente é que te encontro desesperada pela "mamina". Começa quase quando chegas a casa e de manhã só não existe porque te distraio com o pequeno-almoço e com a pressa das tarefas rotineiras pré-escola. Mas à noite tem sido impossível. Não acordas para receber conforto do meu colo ou das minhas palavras, acordas desesperada pela "mamina" e dás gritos ensurdecedores. Tive culpa quando numa ou outra noite de muito sono cedi a dar-te peito fora do horário habitual (20:45-22:00). Bastaram essas vezes para que tu percebesses que as "maminas" estavam ali e que podias continuar a berrar que eu mais tarde ou mais cedo cedia.
Perdoa-me se esta noite não te der as tuas maminhas. Perdoa-me minha pequenina, se no meio dos berros olhar para ti com um ar zangado e cansado e parecer que não quero confortar as tuas lágrimas. Perdoa-me por te dar uma despedida da amamentação tão fria. E mais que tudo, perdoa-me por ter sido uma decisão minha e não tua, como sempre pensei que seria.
(Ainda não estou certa se o vou fazer ou não, mas se tiver coragem é hoje... )

Nova Iorque

- Mãe, gostavas de viver em Nova Iorque?
- Sim, acho que sim.
- Eu também, podíamos falar brasileiro todos os dias.
- Na América (do Norte) não se fala brasileiro, é inglês!
- Ou isso... Eu gosto muito das lojas e dos parques de lá!!
- Eu gosto de andar na rua, de ver as pessoas a falarem outras línguas, os prédios muito altos, as casinhas bonitas, as comidas de todo o mundo, mas também gosto dos parques e dos museus.
- Lá há tudo não é? Podíamos ir viver para lá...


Todas as semanas há uma ou outra conversa que te conduzem às férias pelos EUA. Identificas muito facilmente imagens de NY em filmes, quadros ou fotografias e perguntas-me com frequência quando é que vais ter idade para ires sozinha com os teus amigos para lá. (é que eu disse-te que a próxima viagem a Nova Iorque talvez seja quando fores crescida e quiseres ir lá com os teus amigos)