O sorriso que levava comigo
dava-me toda a adrenalina que precisava para o inicio destes 12 dias. Esta era
a nossa primeira viagem a quatro, a tua primeira viagem de avião, Carlota e a
nossa primeira viagem com trocas de apartamentos e vários meios de transporte
diferentes. Para além disso nos últimos meses as birras da Francisca estavam a
piorar e o comportamento dela fazia-nos prever dias muito complicados de gerir,
emoções à flor da pele, discussões nos primeiros dias…
O pai levava com ele o segredo…
descomplicar. E não o fez apenas da boca para fora. Descomplicou. E disse-me
várias vezes para descomplicar, sempre que me notava com mais stress.
Carlota, tu estiveste sempre à
altura das nossas expetativas. Calma nas duas viagens de avião, nas duas
viagens de comboio e na viagem de autocarro, ainda que mal tivesses dormido em
todas elas. Choravas chateada quando decidíamos prolongar o passeio e não íamos logo para “casa” perto das 20h/21, como se tivesses um relógio. Comeste sempre
bem, as sopas, maminhas e fruta que foram aparecendo sem nunca resmungar.
Provaste pães de vários países e sorriste para pessoas de várias nacionalidades
e línguas. «She is so beautiful» -
diziam as pessoas com as quais nos íamos cruzando.
Mas Francisca, tu foste a grande
surpresa das férias. A menina crescida que nós conhecemos sem aquele
descontrolo emocional das birras feias. As birras que apareceram para nós nem
eram birras, foram desacordos que foram superados por todos sem gritos, sem
palmadas, sem espetáculos e meninas a rebolarem no chão. Além disso a tua
curiosidade crescente fez-nos ter a certeza (se é que alguma vez eu tinha
duvidado) que a melhor educação que te podemos transmitir passa por viajar.
Passa por sentir experiências diferentes, em locais diferentes, com pessoas
diferentes. Passa por aumentar essa curiosidade em relação ao mundo que te
rodeia, que vos rodeia. Quiseste saber como se agradecia em húngaro, em checo e
em alemão. Quiseste saber mais sobre os palácios de Viena. Conheceste parques
infantis nos quatro países e partilhaste baloiços e escorregas com crianças que
falavam uma língua que não entendias. Ajudaste-nos a cuidar da mana,
distraindo-a quando chorava, tomando conta dela enquanto arrumávamos as malas
para sair de cidade em cidade. Foste tão crescida! E só tens quatro anos!
Obrigada Francisca! Obrigada
Carlota! Obrigada papá André!
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