É rara a vez em que ao escutar uma música aflamencada ou ao
ver uma vídeo da minha Maestra não me emociono. O flamenco dava-me um prazer
imenso e apesar de não ter qualquer tipo de aptidão para praticá-lo (à excepção
de decorar facilmente a questão dos ritmos e passos a dar) sentia-me
verdadeiramente feliz a dançar. Sentia-me descomprimida e leve, muito leve.
Gostava que um dia tivesses também este gosto, este ou outro que te fizesse
sentir assim.
O pai defende que deveria retomar as aulas, eu acho que não
tenho tempo suficiente para estar contigo quanto mais para dançar e isso
deixa-me triste. E depois tenho aquela alma de tio patinhas que me leva a estar
sempre a pensar em dinheiro, o que não ajudar. Hoje sonhei que ia comprar uma
falda de ensayo nova (a minha já é tão velhinha) para retomar as aulas de flamenco,
no fundo não sei se tenho coragem para mudar uma rotina que ainda nem sequer
consegui criar.
Tomei a decisão de interromper o flamenco assim que soube
que estava grávida, mas agora tenho pensado muito acerca do assunto e acho que
é provável que o tenha interrompido para sempre e apesar de ser por ti que o
faço, não me arrependo nunca de prescindir de umas horas de baile pelos teus
sorrisos, até pelas tuas birras.
Acho que no fundo vais perceber um dia, Francisca, que todas
as grandes paixões são assim… fazem-nos sempre sofrer um pouco de tão grandes
que são.
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