sábado, 21 de março de 2020

8.º dia de Quarentena

Que não hajam dúvidas que vamos recordar estes dias durante muitos e muitos anos. Que as nossas rotinas vão mudar, que a nossa maneira de ser será moldada e que iremos valorizar outras coisas que até há pouco tempo tínhamos como adquiridas.
Quase todo o mundo está em quarentena: obrigatória, voluntária, parcial.... há fronteiras fechadas, viagens canceladas, etc.
Foi declarado Estado de Emergência no nosso país no passado dia 19/03, os cafés e restaurantes fecharam, as empresas com atendimento ao público fecharam, foi potenciado o comércio online para quase todo o tipo de negócios. Continuam abertas as lojas de alimentação: minimercados, talho, mercado central, padarias e existem restaurantes que se dedicaram ao takeaway. As rua estão desertas, havendo apenas concentrações de pessoas espaçadas nos poucos negócios que continuam abertos.
A mãe tem estado convosco desde segunda-feira sozinha em casa, enquanto o pai vai trabalhar. Cada vez com menos energia, dedicando o seu tempo ao trabalho, à tua escola Francisca e às tuas brincadeiras Carlota. Apesar de já terem passado quase 8 dias desde que estamos "presas" ainda estamos a adaptar as nossas rotinas a esta nova realidade. Se fosses um pouco mais velha Carlota, tudo seria mais fácil de planear. Assim, com os teus tenros 3 anos não consigo fazer muitos planos para a semana, preciso apenas de seguir umas linhas orientadoras: acordar cedo (sem despertador), pequeno-almoço seguido de higiene e vestir, trabalhar (eu e a Francisca), almoço, higiene e sesta (quando é possível) e depois logo se vê. Tenho trabalhado em todos os bocadinhos que posso, tenho feito o possível para responder ativamente e rapidamente a todos os assuntos trabalho não descurando os vossos trabalhos da escola nem a atenção e paciência que vos tenho que dar.
A escola em casa é outra adaptação que todos estamos a passar, ontem tivemos a nossa primeira video-chamada com a professora e foi importante para nós pais e para vocês perceber como se estão adaptar os colegas, qual o feedback dos amigos e professores, foi importante partilhar as dificuldades nos trabalhos de casa, os medos, as expetativas.
Que não duvidemos que este afastamento nos tem tornado a todos mais próximos. Acho que nunca fiz tantas videochamadas com amigos e familiares, nunca enviei tantas mensagens a amigos. E tenho-me lembrado muito dos amigos que estão longe e tenho enviado mensagens, que não haja preguiças nesta altura! Que se aproveite esta pandemia estúpida para querermos saber mais uns dos outros. Agora não há raça, estatuto social, diferença. Estamos juntos, qualquer um pode estar infetado, qualquer um pode sofrer com esta doença direta ou indiretamente. Que este problema traga também algo de positivo... agora que já tinha perdido toda a minha fé na Humanidade.



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